Uma trabalhadora doméstica de Anápolis, na região central do estado, foi afastada do trabalho em uma residência após prestar serviço por 30 anos sem receber salário. As verbas rescisórias da empregada doméstica somaram pouco mais de R$ 1 milhão, segundo a Superintendência Regional do Trabalho em Goiás (SRTb-GO).
Após denúncia anônima, equipes da SRTb-GO, em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Centro de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS/Anápolis-GO) identificaram a mulher, que cumpria jornadas exaustiva e não recebia nenhum salário por isso, ou seja, em condição análoga à escravidão.
Segundo informações, foi apurado que após problemas familiares e abusos, a vítima, ainda com 12 anos, foi trazida do Maranhão para Goiás por uma mulher até então desconhecida. O auditor fiscal do trabalho Roberto Mendes explicou que a mulher foi trazida clandestinamente em agosto de 1990 e desde então passou a trabalhar na casa da família limpando, lavando roupas, cozinhando e cuidando das crianças em troca de alimentação e moradia. “Ela nunca estudou regularmente, fez apenas o EJA depois de adulta. Nunca teve convívio social, não teve amigos, nunca teve namorado, nunca constituiu família, basicamente ela viveu a maior parte da sua vida para servir essa família, onde mora.”
Os envolvidos ao serem notificados para regularizar a situação da mulher negaram a existência de prestação de serviços e disseram aos auditores que a vítima “era parte da família”.
Foram lavrados autos de infração contra os empregadores por manter empregado em condição análoga à de escravo e por desrespeito à Lei do Doméstico. Eles também podem responder criminalmente por trabalho escravo e tráfico de pessoas.
Matéria do O Popular