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Angolano residente em Anápolis busca a polícia depois de receber bilhete racista e xenofóbico no local de trabalho: “sua raça me dá nojo”.



Um episódio de ódio racial dentro de uma escola particular em Anápolis provocou indignação e mobilizou a polícia após um trabalhador estrangeiro encontrar um bilhete com ofensas racistas e xenofóbicas dentro de seu armário. O caso ocorreu na última terça-feira (25) e expôs, mais uma vez, a persistência da violência contra imigrantes e pessoas negras no ambiente de trabalho.


 

O funcionário, que vive na cidade desde abril, afirmou que o ataque foi “um dos momentos mais humilhantes da sua vida”. Ele atuava como zelador na instituição havia alguns meses e jamais imaginou que seria alvo de uma agressão tão direta e cruel. O bilhete, escrito em um pedaço de papelão e deixado em um local sem câmeras, continha frases violentas rejeitando sua origem e sua cor.


 

Segundo ele, a mensagem não foi apenas uma ofensa, mas uma ferida emocional profunda:

“Não era só um insulto. Era um ataque à minha existência. Senti que minha cor incomoda muita gente e que isso pesa ainda mais quando você é pobre”, desabafou.


 

Visivelmente abalado, o trabalhador procurou a direção da escola, que confirmou a situação e afirmou ter oferecido apoio. Após conversar com a instituição, ele decidiu deixar o emprego de forma consensual. “Eu fiquei muito triste, muito abalado. Foi um crime. Um abuso. Ali eu percebi que não poderia continuar naquele ambiente”, relatou.


 

Mesmo sem suspeitas claras sobre a autoria, ele explicou que pequenos atritos cotidianos nunca justificariam tamanha violência. “Desentendimentos existem em qualquer lugar, mas aquilo ultrapassou qualquer limite humano”, disse.


 

Acompanhado da namorada, o jovem procurou a Central de Flagrantes e registrou ocorrência por injúria racial. O caso foi encaminhado para investigação na 3ª Delegacia de Polícia, que agora tenta identificar o autor.


 

A escola afirmou que está colaborando com as autoridades e que medidas internas já foram iniciadas. Em nota, reforçou que repudia qualquer ato racista ou xenofóbico e que está adotando todos os procedimentos possíveis para apurar o responsável.


 

Apesar do trauma, o trabalhador diz que não pretende abandonar o país. Com esperança, afirmou ter vindo para o Brasil em busca de oportunidades e quer seguir sua vida em Anápolis:

“Sei que vai ser difícil, mas não vou desistir. Ainda há muita gente boa. Vim para tentar a vida e vou continuar.”