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Inquérito aponta que PM se matou em Anápolis para não ser preso



A Polícia Civil concluiu que o 3º sargento da Polícia Militar Welton da Silva Vieiga, de 39 anos, se matou durante cumprimento de mandato de prisão e de busca e apreensão em sua residência no Jardim Calixto, em Anápolis, no dia 27 de janeiro. Na ocasião dois policiais civis foram feridos a tiros e como um deles efetuou uma série de disparos acreditou-se que Welton poderia ter sido morto durante o confronto.

Laudo da Polícia Técnico-Científica identificou que o projétil que atingiu a cabeça do sargento pelo lado direito partiu da própria arma dele. Antes de se matar, entretanto, Welton conseguiu atingir duas vezes um policial civil que entrou na sala de sua residência. Um destes tiros que atingiu o policial civil acertou também a perna de outro, que estava na garagem do imóvel.

Welton era investigado pela morte do fazendeiro Luiz Carlos Ribeiro da Silva, de 52 anos, pois o carro em que o autor do tiro estava foi levado até a residência do sargento após o crime. O policial também respondia a um processo desde 2014 por suspeita de envolvimento em um grupo de extermínio na região.

O caso chamou a atenção da comunidade local por causa da relação da vítima com o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), de quem seria um amigo muito próximo. Roberto chegou a dar entrevista na época negando boatos de que tenha sido convocado para prestar depoimento e disse que apenas pediu celeridade nas investigações às autoridades da Polícia Civil e ao governo estadual. As investigações, porém, seguem em andamento.

Para cumprir o mandado de prisão estiveram presentes na residência duas equipes da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), uma terceira da Polícia Civil e uma da Corregedoria da Polícia Militar, esta para dar apoio. Os depoimentos dos envolvidos na operação não apresentam divergências significativas, segundo inquérito ao qual O POPULAR teve acesso.

Antes de arrombarem o portão que dá acesso ao lote do imóvel, os policiais afirmaram em depoimento que tentaram chamar Welton para atendê-los, identificando-se como policiais, sempre em tom alto, colocando as viaturas de forma que ficassem visíveis para as câmeras de segurança da residência.

Os policiais contam que ficaram de 5 a 10 minutos tentando contato com Welton antes de invadir a casa. Porém, um relatório feito pela Polícia Civil com base na imagem de câmera de segurança da casa de um vizinho mostra que o tempo foi de aproximadamente 2 minutos entre o momento em que deixaram as viaturas e que o portão foi derrubado.

Na ocasião foi detida uma policial militar que estava com Welton no momento da abordagem. Ela negou ter visto o momento em que os disparos foram feitos tampouco quando o sargento foi atingido. Disse que só viu o corpo dele caído e foi em direção à área externa, quando se rendeu. A policial responde a um processo por homicídio junto com Welton e outros colegas de farda, segundo o sistema do Poder Judiciário.

Não se chegou a uma conclusão sobre o momento em que o sargento teria atirado contra si próprio.

Os policiais civis feridos foram levados para um hospital em uma das viaturas e estão bem. O sargento morreu no local, antes da chegada de socorro médico. Laudo mostra que o projétil atravessou o crânio sem sair do mesmo. A ambulância do Samu chegou 40 minutos depois.

O inquérito sobre a morte do sargento foi encaminhado para a Justiça nesta terça-feira (9) e até a conclusão desta reportagem não houve manifestação nos autos do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) nem do Judiciário.