O advogado de um empresário suspeito de importunar funcionárias sexualmente foi repreendido pela juíza Lígia Nunes de Paula durante a audiência de custódia do cliente dele, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Durante a sessão, o advogado afirmou que "está na moda [fazer] denúncia por crimes sexuais", para justificar suas colocações.
"Diferente do colocado pela defesa, não está na "moda" a denúncia por crimes sexuais, até mesmo porque se trata de uma situação extremamente vexatória para a vítima", repreendeu a juiza, no termo da audiência.
O g1 entrou em contato com o advogado por mensagem na tarde desta quarta-feira (25) e solicitou um posicionamento quanto à fala realizada por ele e quando a prisão de seu cliente e aguarda retorno. Além disso, a reportagem entrou em contato com a Seção de Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para saber se o advogado está ou vai ser investigado por sua fala durante a audiência, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.
Após a audiência de custódia, que foi realizada na terça-feira, o comerciante teve a prisão mantida pela Justiça de Goiás.
O comerciante representado pelo advogado em questão foi preso na segunda-feira (23) suspeito de importunar sexualmente funcionárias do comércio que é dono. Ao g1, a delegada Isabella Joy explicou que quatro funcionárias denunciaram terem sofrido as importunações sexuais durante o período em que trabalharam no estabelecimento.
"Elas contam que ele passava a mão nelas, tentava dar encoxadas nas vítimas e sempre dizia que eram brincadeiras", detalhou a delegada.
A polícia ainda afirmou que o homem era agressivo com as funcionárias e que chegou a queimar o braço de uma delas com uma forma quente. Segundo a delegada, devido as situações as quais eram submetidas, as funcionárias não permaneciam muito tempo no local, trabalhando poucos meses e depois se demitindo.
As denúncias foram feitas na Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deam) de Anápolis no início do ano e, após o início das investigações, foi realizada a prisão do suspeito, que foi convertida em preventiva.
Segundo a delegada, o empresário afirmou à polícia de que suas atitudes "não tinham nada de sexual".
"Ele diz que quando encostava era sem querer. Fala que o local era pequeno e que não tinha como passar sem encostar. Disse que elas querem vingança", detalhou a delegada.
A delegada ressalta que o homem também é alvo de investigação por estupro de vulnerável contra uma menina de 13 anos, inquérito que corre sob sigilo na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Anápolis.