O sumiço do deputado estadual Antônio Gomide (PT) do dia a dia de Anápolis é algo sentido e comentado por quem acompanha de perto a política, mas pode ser confirmado também por números.
No universo das emendas impositivas que Gomide tinha direito de apresentar ao orçamento do Governo de Goiás para este ano de 2022, somente 11,1% do montante de R$ 9.439.024,39 será para Anápolis.
Esse valor, R$ 9,4 milhões, representa a cota que cada deputado estadual tem direito dentro do orçamento estadual. Funciona assim: quando a peça orçamentária está tramitando na Assembleia Legislativa, os parlamentares apresentam as emendas impositivas, definindo o valor e o uso que a cidade fará do dinheiro.
Além de ser individual, uma emenda impositiva é de execução obrigatória. Ou seja, independentemente de o deputado ser de oposição ou situação, o governador é obrigado a destinar o dinheiro indicado por ele.
A decisão de enviar somente 11,1% do total de suas emendas para Anápolis chama a atenção quando se observa que na hora da eleição, a cidade foi bem mais generosa com o deputado Gomide. Ele teve 26.766 votos dos anapolinos em 2018, ou 72,3% do total que lhe garantiu um mandato.
Morador de Anápolis, eleito por causa dos votos da cidade, Gomide abriu mão de participar do debate local e até mesmo de beneficiar o município com suas emendas impositivas talvez com o entendimento de que estaria ajudando uma prefeitura na qual faz oposição.
Na campanha, quando pediu votos, Gomide não manifestou esse detalhe, de que só lutaria por recursos para a população se aquele que estivesse sentado na cadeira de prefeito fosse do seu partido.
Prova disso, é que entre as emendas impositivas desse ano, o petista manda apenas R$ 150 mil diretamente para secretarias municipais. A maior parte, R$ 500 mil, é para entidades do terceiro setor com sede na cidade que atuam na área da saúde – Fasa (Santa Casa) e ACCG (Unidade Oncológica). Por fim, Gomide distribui cinco emendas de R$ 80 mil para reformas de colégios estaduais da cidade.